DESENHOS DO ENCONTRO
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FOTOGRAFIAS DO EVENTO
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Local e Hora de Encontro: Ponte da Levada (Tarambola) – Torres Novas, às 10h00
Anfitrião: Carlos Fidalgo – USkTorresNovas
No rio Almonda, junto das pontes conhecidas como do Duque e da Pedrinha havia vários moinhos e lagares. As águas serviam para mover as moendas de grão e o lagar de azeite sitos no Caldeirão, regar as hortas e accionar os teares da fábrica de chitas. A exploração hídrica do rio estava sujeita a concessões e era bastante disputada.
Em meados do Século XIX, um grande empresário (comerciante, industrial, banqueiro) chamado José Manuel Ferreira vê no rio Almonda a força hídrica necessária para produzir electricidade, sendo a “obsessão empresarial” deste homem, à qual dedicará o resto da sua vida. 1
A Companhia de Fiação e Tecidos de Torres Novas havia adquirido os direitos sobre o moinho dos Gafos em 1846. José Manuel Ferreira também fizera um pedido de concessão, mas enquanto esperava, num processo que sabia ser demorado, acabaria por adquirir os moinhos e lagares Bretes e Fialho, bem como os moinhos do Duque, por compra ou por aluguer, ao Caldeirão, garantindo a utilização da queda de água dos Pimentéis e do troço até ao moinho dos Gafos, e assim ganhando uma etapa para a pretendida exploração hidráulica do Almonda. 1
Entre 1918 e 1924, José Manuel Ferreira produziu energia eléctrica na cave do edifício Parque até que, no dia 13 de Março de 1934, a Câmara Municipal de Torres Novas, sob a presidência de Gustavo Pinto Lopes, concedeu, em sessão extraordinária, à Empresa Industrial de Electricidade do Almonda, Lda. o fornecimento de energia para a concessão de distribuição pública de electricidade. Esta empresa era herdeira da Empresa do Almonda Lda. (1923-1924), embora a nova sociedade integrasse outros investidores, além de José Manuel Ferreira. Obtida a concessão, José Manuel Ferreira adapta uma turbina hidroelétrica no edifício do Moinho do Caldeirão, aproveitando a calha de água que o alimentava, reforçando a produção obtida nas instalações do Parque. Seguem-se as obras hidráulicas necessárias para construir a central eléctrica e formalizar o contrato com a hidroelétrica do Alto Alentejo que garantia o fornecimento de energia. Em 1939, a central já se encontrava equipada e pronta a funcionar, sendo inaugurada no ano seguinte.1
No decorrer da empreitada de arranjos exteriores do Almonda Parque, concluídos no passado ano, na zona norte da intervenção, durante o acompanhamento arqueológico, foram encontrados um conjunto de infraestruturas de dois complexos proto-industriais datados da Época Moderna. No local, vulgarmente designado de «Moinhos do Duque», foram colocadas a descoberto várias infraestruturas que, em complemento das já conhecidas, estruturam um lagar de azeite de três varas e os negativos de um moinho de cereal do qual só se conhecia a estrutura criptopórtica relacionada com a gestão da motorização hidráulica. 2
Por tudo isto, não podíamos deixar de escolher este local icónico da cidade de Torres Novas, no âmbito do tema escolhido para esta edição – o Património Sustentável.
(1) Sineiro, José Ribeiro (2010), A iluminação pública e a electricidade na vila de Torres Novas. Subsídios e documentos. Torres Novas: Município de Torres Novas.
(2) Jornal Torrejano, 27/04/2022, Torres Novas: antigo lagar de varas e moinho de água do Caldeirão vão ser reabilitados.